sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Assunto: Os dias de hoje

Eu não me dou muito bom com contas, mas nos três segundos que demorei a escrever o título desta mensagem foram enviadas, em todo o mundo, cerca de 600 mil sms's. Pois é. Um estudo não sei do quê, feito não sei por quem, diz que por segundo, em todo o mundo, são enviadas 200 mil mensagens de telemóvel.
A mim mete-me medo. Principalmente se pensar que envio por dia, no máximo umas vinte mensagens. E há dias em que nem uma envio. Fins-de-semana normais - sem combinações exigentes - o meu pobre telefone é capaz de ter uma média de 15 sms's nos dois dias. E volto ao começo deste parágrafo: mete-me medo! Primeiro porque demonstra o quão desinteressante a minha vida pode ser. (Ou então não. Porque uma vida cheia de sms, também não me parece muito apelativa...). Depois, porque demonstra o quão excluído estou do mundo a nível tecnológico: não bastava não ter Facebook, ter só um telefone, ter só um computador que é portátil, mas tem um risco ao meio, não funciona se não estiver ligado à ficha e não sai do mesmo sítio há pelo menos três anos; ter o mesmo número de telefone para aí desde o 10.º ano, não ter DVD em casa (nem no jardim!)... And so on.
Pois que enquanto aqui estou já foram enviadas dezenas de milhares de milhões de mensagens de um telemóvel para outro. E o meu não tocou uma única vez. Uff! Ao menos isso.
Enfim. São os dias de hoje. A tecnologia no seu melhor. Ou então não. Porque o melhor da Ciência e da Tecnologia foi esta semana, num hospital lá para os States terem removido um tumor exterior que tornou conhecido o «homem do Rossio», no total pesava mais de cinco quilos e agora aquele que viveu toda a sua vida sem rosto, poderá viver, pelo menos, com menos olhares de medo e nojo. É a Ciência. E a Medicina. É melhor pensar nisto do que naquela quantidade gigantesca de sms's. MEDO!
Com um adeus sentido, meu país. Através deste blogue, que sempre poupa os dedos e os botões duros das teclas do telemóvel, porque dedos para sms'a vão custar uma fortuna daqui a uns anos, de tão gastos que os do mundo de hoje vão estar!...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Assunto: O Futuro

Em crianças perguntam-nos o que queremos ser. Normalmente aí a ideia está sempre muito definida, vai mudando de umas coisas para outras, mas temos sempre aquela ideia de que "quando for grande quero ser ...". E depois temos vinte anos. Vivemos sem expectativas reais. Ou com expectativas demasiado reais e demasiado negativas. Há dias em que é difícil pensar num futuro próximo. E há dias, em que, imagine-se, ter os tão aclamados 20 anos é difícil. Depois, quando se chega aos quarenta ou aos cinquenta, dizemos "ai quem me dera ter outra vez vinte anos". Pois aqui os meus vinte anos dizem-vos: pode ser bom voltar a ter 20 anos, mas só é bom se não calharmos num dia como o de hoje.

Não é por acaso que falo de profissões. Hoje já ninguém tira um curso ou começa a trabalhar a pensar que vai estar naquele posto, naquela função, com aquelas pessoas o resto da vida. Mas houve tempos em que isso aconteceu. E eram tempos seguros. Em que se podiam fazer planos minimamente reais, e que entre o sonho e os tostões que se amealhavam se podia sonhar com algo melhor. Hoje estudamos qualquer coisa. Pensamos qualquer coisa. Queremos ser qualquer coisa. E depois?

... hoje é um daqueles dias em que o que mais me custa é pensar no "e depois?".

Porque depois hão-de vir mais dúvidas, mais dificuldades, mais gente que não sabemos bem o que são, e mais gente que queríamos tanto que fossem mais alguma coisa. Porque é difícil não podermos ter todas as pessoas que queríamos, porque muitas vezes essas pessoas não nos querem. E porque também é muito difícil querer ser muita coisa, e pensarmos que não vamos conseguir, que não vamos poder e que "não vai dar".

Mas depois, penso, "porquê?".

E continuo a pensar na irregularidade da vida de hoje, nos altos de uns e nos baixos de outros. Na sorte e no azar. No copo meio cheio ou no copo meio vazio. Naquela coisa do destino. E depois só penso, que afinal o meu pode ser algo de bom. E quem sabe se para o ano não estou em Letras no Porto, não continuo a trocar mails, sonhos, músicas e palavras. Ou a sonhar acordado tantos sonhos parecidos com os da Di. A acreditar que a Tânia é uma super-mulher. E a ver a D. Isabel a vencer as batalhas com aquele sorriso. Penso na M e na Esteli, na Nádi e na Samanta numa grande festa no Porto, ou só num jantar feito por mim, na minha casa. Penso que estas serão as miúdas que me vão fazer acreditar que os baixos de hoje nunca estarão perto dos altos de amanhã. E esperemos que assim seja, não é?

Porque há dias em que era melhor estar noutro sítio. E por estarmos noutro sítio, já temos o pretexto para falar com o coração e pedir uma mensagem que nunca vem. Um olhar que demora a ver. Alguma coisa que demora sempre muito a chegar.

Hoje é um daqueles dias em que se começa bem, e se acaba mal. Como os altos e os baixos. Mas pronto. Teremos sempre os mails, as páginas dos blogues felizes, as vidas preenchidas e alegres para nos fazerem sonhar. Porque, quem sabe, se não teremos "tudo isso e muito mais"?

Hoje o futuro pareceu-me trinta vezes pior que o passado. E isso não é nada bom. Teremos sempre o amanhã, que poderá ser trinta vezes melhor que o hoje. E esses dias são tão bons!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Subject: agências de rating

Ora, o tema não é muito aliciante, mas é resultado de um momento feliz de Pio Abreu, que explica um pouco desta crise que atravessamos:
«No centro de tudo isto estão as agências de rating, quais polícias do mundo, preparadas para castigar os que não se comportam dentro das regras. E como castigam elas? Baixam os ratings, o que é um sinal para os investidores pedirem juros mais elevados. Irão assim ganhar mais algum à conta dos pobres que estão em maiores dificuldades, agravando-lhes ainda mais os seus problemas
E quem fala assim não é gago. O bom disto é que vem escrito num jornal de distribuição gratuita e assim sempre explique um pouco do que se passa no mundo ao povinho que não tem dinheiro para comprar o jornal, tem de ler o oferecido, que não tem dinheiro para comprar a revista cor-de-rosa e tem de ver as cusquices no fim do jornal, e para o povinho que afinal, vai ficando mais pobre... e tudo por causa das agências de rating. Malvadas!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Subject: a SIC

Ah e tal, a SIC faz dezoito anos.
E a única coisa que me ocorre é: a maneira de comemorar 18 anos é com esta festa em que os pontos altos são a presença da Lucy, da Diana Chaves ou do Mr. Morgado?
E depois queixam-se que a TVI lhes passa a perna com uma Casa cheia de gente gira, e com umas tardes coiso-e-tal.
Ah, não, mas hoje a rapariga que só sabe derreter-se em cima de um carro está a oferecer um Porche... Calma, afinal a SIC faz 18 anos!
Enfim, e é isto. A primeira televisão privada atingiu a maioridade e com ela confirma-se a falta de criatividade e a falta de iniciativa.
É que quase aposto que as Tardes da Júlia, com a Cristy e uma conversa sobre a violência doméstica se tornam muito mais apelativas.
E tenho dito.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Assunto: o meu país

Há um Partido, há um a partir-se. Outros que gostavam de se partir, e no meio disto há 10 milhões de pessoas que gostavam de saber o que lhes vai acontecer, por exemplo:
- como vão viver daqui a um ano;
- se os tipos-infelizes que vão todos os dias até uma faculdade-perto-de-si terão um lugarzito onde pôr o rabo e assinar uns papéis;
- se as pessoas que passaram anos e anos no desemprego, e agora - sem apoio, ajuda, auxílio, ou outra coisa começado por 'a' e acabada em 'euros' - aqueles do desemprego crónico, merecem uma mão do tal Partido, para governarem a sua vida (por uma mão entenda-se uma cadeirinha onde sentarem o rabo, com o filho ranhoso ao colo, chorar um bocadinho, ganhar mais um subsídio, e ter mais uma formação, ou então encontrar aquele trabalho que lhe vai trazer outra vez a alegria de viver...);
- aqueles 10 milhões de pessoas gostariam de saber, se daqui a três meses vão ter de começar a pagar 25, 26 ou 27 por cento de IVA;
...
Gostariam de saber muito mais coisas, mas como isto hoje foi só para aquecer, voltamos amanhã, com mais uma cartinha, escrita a dedo, para ti, ó pátria de minh' alma!